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NOME
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| CARLOS
Franscisco Santos SILVA |
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DATA DE NASCIMENTO
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09/04/1934 |
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DATA DE FALECIMENTO
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04/02/2007 |
| NATURALIDADE |
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Lisboa |
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CLUBES COMO JOGADOR
(Andebol de 11)
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| SL
Benfica |
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CLUBES COMO JOGADOR
(Futebol de 11)
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Belenenses
(51/52 a 60/61) |
CUF
(61/62 a 63/64) |
Sintrense
(64/65 a 65/66) |
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CLUBES COMO TREINADOR
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Sintrense?
(66/67)
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Belenenses
(67/68)
* - a partir da 25.ª jornada |
| ?
(68/69) |
CUF
(69/70)
* - a partir da 11.ª jornada |
| CUF
(70/71) |
| Barreirense
(71/72) |
| Barreirense
(72/73) |
| Farense
(73/74) |
Oriental
(74/75)
* - até à 11.ª jornada |
Atlético
(74/75)
* - a partir da 17.ª jornada |
| Atlético
(75/76) |
Belenenses
(76/77)
* - até à 26.ª jornada |
| (...) |
| Oriental
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| (...) |
Nacional
da Madeira (80/81)
* - até á 4.ª jornada
Olhanense
(80/81)
* - a partir da 13.ª Jornada |
| Olhanense
(81/82) |
| Olhanense
(82/83) |
| Olhanense
(83/84) |
| (...) |
Juventude
de Belém (90/91)
* - Satélite do Belenenses |
| Atlético
(91/92) |
Olhanense
(92/93)
* - foi substituido pelo
adjunto Ademir Vieira antes
do final da 1.ª volta |
| Atlético
(93/94) |
| Atlético
(94/95) |
| (...) |
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COMO DIRIGENTE
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| Belenenses |
| Associação
de Futebol de Lisboa |
| Federação
Portuguesa de Futebol |
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A
equipa do Olhanense que em 1981/82 subiu á 2.ª Divisão,
orientada por Carlos Silva
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Em
2004, no jantar do 92.º Aniversário do Olhanense, em representação
da FPF
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"CARLOS
SILVA - O HOMEM QUE FUGIA DAS LUZES"
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[
artigo publicado no
RECORD em
10 Outubro de 2002 ]
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Sempre
foi um homem do futebol. Mesmo quando dispersou as atenções por
modalidades como andebol, voleibol e atletismo, nos tempos da
infância passada em Lisboa, mais concretamente no bairro da Graça,
era o pontapé na bola que o fascinava e lhe alimentava os sonhos.
Acompanhava-o também a paixão herdada do pai e extensiva a toda
a família: o Clube de Futebol “Os Belenenses”. Hoje, Carlos Silva
é o sócio 204 da colectividade da cruz de Cristo, apresentando
vasta folha de serviços em representação dos azuis, como atleta,
treinador e dirigente.
Toda uma história desportiva com início nas Salésias dos seus
amores e da saudade dos adeptos azuis, e que se prepara, agora,
para uma etapa executiva na nova equipa de Gilberto Madaíl para
a Direcção da Federação Portuguesa de Futebol, na qual lhe está
reservado o cargo de vice-presidente para as selecções.
Ligado ao fenómeno futebolístico há mais de cinquenta anos ? chegou
às camadas jovens do Belenenses em 1951 –, Carlos Silva procurou
sempre desviar-se dos holofotes da fama. Uma opção legítima de
quem quis seguir o seu caminho sem grande evidência, convicção
que sofre agora importante e arriscado teste: ser confrontado
com um lugar que associa responsabilidade, perfil, competência
e bom senso ao mediatismo de lidar com as maiores figuras do futebol
português.
Jogador
Em miúdo costumava dizer aos amigos, dando expressão ao seu maior
sonho que, um dia, os jornais ainda haviam de trazer com todas
as letras “Carlos Silva, jogador do Belenenses”. Não se enganou.
Às Salésias chegou com 17 anos, referenciado como jogador de andebol
de onze ? campeão nacional pelo Benfica, clube que representara
levado pelo seu professor de Educação Física no Liceu Gil Vicente.
Mas os olhos de lince de Augusto Silva e Rodolfo Faroleiro, duas
velhas glórias azuis, conduziram-no à equipa de futebol.
Em 1952/53 foi campeão de Lisboa em juniores, perdendo o título
nacional para o FC Porto e só em 1954, com Fernando Riera ao leme,
atingiu a titularidade da equipa principal dos azuis. Ao lado
de José Pereira, Vicente, Di Pace e Matateu foi vice-campeão nacional,
no célebre campeonato perdido a quatro minutos do fim, aquele
em que um golo do sportinguista Martins deu o título ao Benfica.
Estavamos em 1955.
Treinador
Jogou no Belenenses até 1960/61, altura em que, por via de dificuldades
financeiras do clube e do parecer técnico do treinador Henrique
Vega, teve de sair. Um choque tremendo, sofrido numa fase de estabilidade
emocional (acabara de se casar), com o estatuto devidamente consolidado
(capitão que era referência) e na idade da maturidade plena (estava
com 26 anos). Foi para a CUF do Barreiro, onde jogou três épocas,
sempre na I Divisão, período no fim do qual foi para o Sintrense,
no qual deu início à carreira de treinador, orientando-se pelos
princípios inspiradores de Fernando Riera. Desde então – meados
dos anos 60 – manteve laços com o Belenenses, ao qual esteve ligado
nas camadas jovens e também como adjunto.
Sindicalista
Nos anos 70 emancipou-se definitivamente, engrossando a lista
de treinadores da sua geração, como José Maria Pedroto, Joaquim
Meirim, Juca, Mário Wilson, Manuel de Oliveira e António Medeiros,
entre outros. Apesar das semelhanças ? era hábil no banco e as
suas equipas jogavam um futebol bonito, apoiado, feito de muito
toque e progressão lenta –, o período imediatamente a seguir ao
25 de Abril de 1974 deu-lhe um certo protagonismo nas lutas sindicais.
Assistiu ao nascimento do sindicato dos treinadores, do qual foi
presidente nos primeiros quatro anos, e à sua cisão da qual resultou
o Sinbol. Desde a fusão das duas estruturas, em 1983, que ocupou
lugares de destaque, como dirigente máximo ou como vice-presidente
dos elencos comandados por Henrique Calisto e João Mota.
Dirigente
Essa veia burocrática afastou-o gradualmente do banco. No final
dos anos 80, por indicação de Mário Rosa Freire, assumiu funções
de secretário técnico do Belenenses. Coube-lhe a criação da equipa
B, sob o nome Juventude de Belém, projecto cujo resultado ficou
comprometido pela decisão da FPF em retirar onze pontos conquistados
em campo, por alegadas irregularidades nunca devidamente explicadas.
Mais tarde, em meados de 90, na gestão de Ramos Lopes, assumiu
o cargo de director desportivo e coordenador do futebol jovem,
que acumulou com o de presidente da Assembleia Geral do sindicato,
que o indicou para a direcção técnica nacional. Da qual acaba
de ser promovido para vice-presidente da FPF, tendo a seu cargo
a fundamental área das selecções nacionais.
Propostas inovadoras
Em 1988, num congresso de futebol em Tróia, Carlos Silva assumiu
um papel activo com duas propostas que, na altura, não faziam
pelo menos todo o sentido para adeptos e pensadores: que o lançamento
de linha lateral devia ser efectuado com os pés e que nos lances
de atraso intencional para o guarda-redes, este não poderia tocar
na bola com as mãos se o passe tivesse sido feito com os pés.
Quatro anos mais tarde, esta segunda proposta constituiu uma das
mais revolucionárias alterações ao jogo introduzidas pela International
Board. Antes, fizera também um trabalho interessante, suportado
em regras específicas e na definição das medidas dos campos de
jogo, defendendo que o futebol de sete era o mais indicado para
a evolução dos jovens jogadores. Algo que, hoje, já poucos se
atrevem a contestar.
Vencedor de concurso
“Afinal, ainda percebo alguma coisa de futebol”. Foi assim que
Carlos Silva reagiu quando venceu um dos primeiros prémios semanais
do popular concurso do nosso jornal, que, na altura, era denominado
“Liga Fantástica” (hoje “Liga Record”). O prémio foi de 250 contos
e o feito foi tanto mais surpreendente, quanto Carlos Silva tinha
apostado numa equipa que não parecia fadada a grandes feitos.
O ‘pai’ Fernando Riera e o talentoso Pedroto
Nunca o escondeu: Fernando Riera foi o melhor treinador que
teve e o seu maior inspirador. Defende mesmo a ideia segundo a
qual o chileno foi o mais categorizado técnico que passou pelo
nosso país, mais revolucionário que Otto Glória (com quem venceu
a Taça de Portugal em 1959/60) e mais categorizado que Sven-Goran
Eriksson (que interrompeu o ciclo fatalista de sucessivas derrotas
nos anos 70). Lançou-o na época de 1954/55 e o desfecho do campeonato,
favorável a Otto pelo empate belenense, nas Salésias, com o Sporting,
traçou o destino de ambos e o lugar que cada um ocupa na história.
Quanto a Pedroto, não o apreciava como pessoa, nem aceitava os
métodos utilizados, mas sempre lhe reconheceu enorme talento como
treinador. As grandes lutas sindicais que travou colocaram-no
sistematicamente do outro lado da barricada. Seja como for, sempre
defendeu a ideia de ter sido José Maria Pedroto o expoente máximo
do treinador português, um homem inteligente que dominava todas
as vertentes da sua função.
Jogador intratável
O efeito público do futebolista Carlos Silva era semelhante ao
de Paulinho Santos nos anos 90: era amado e odiado; referência
da instituição que representava; jogador fisicamente poderoso,
de uma coragem sem limites, que jogava a vida em cada lance, aos
quais se entregava nem sempre inocente de segundas intenções.
Não seria maldoso, mas não media o perigo de algumas entradas.
Um daqueles jogadores para quem serve o princípio defendido por
Jorge Valdano: quando se anda a 200 km/hora numa auto-estrada
não significa que haja um desejo de morte; mas é preciso avisar
quem comete a imprudência que a essa velocidade o acidente acontece
mais facilmente. Consta que a sua maior fraqueza era Vicente Lucas.
Quando alguém tocava no famoso companheiro, que tinha tanto de
grande jogador como de boa pessoa, perdia a cabeça. E fazia questão
de assumir o assunto como seu. Depois, rezam as crónicas, tudo
podia acontecer.
Quem é quem
Nome: Carlos Francisco Santos da Silva
Data de nascimento: 9 de Abril de 1934
Naturalidade: Lisboa
Posição: Defesa e médio
Clubes como jogador: Belenenses (1951 a 1961); GD CUF (1961 a
1964); Sintrense (1964 a 1966)
Títulos: 1 Taça de Portugal (1959/60); vice-campeão nacional (1954/55);
2 Taças de Honra da AFL (1958/59 e 1959/60)
Internacionalizações: 6 pela selecção militar
Clubes como treinador: Sintrense (II Divisão), Belenenses (camadas
jovens e adjunto dos treinadores principais), GD CUF, Barreirense,
Sp. Farense, Atlético, Belenenses (técnico principal), Sp. Farense
(regressou), Oriental, Atlético (outro regresso), Nacional da
Madeira e Olhanense (onde esteve quatro anos) |
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"A
IMPORTÂNCIA DE CARLOS SILVA"
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[
artigo publicado no site da
FPF
em 26 de
Maio de 2006 ]
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Dificilmente
alguém, na Selecção Nacional-Clube Portugal, suscita um carinho
tão geral, que se estende de técnicos a jogadores, de médicos
a roupeiros.
Carlos Francisco Santos da Silva: nascido em Lisboa no dia 9
de Abril de 1934. Rezam as crónicas de quem o viu jogar, no
Belenenses, na CUF ou no Sintrense, que intratável era o adjectivo
que melhor encaixava nas suas características. Ele sempre se
defendeu da acusação. Que era duro, isso sim, mas nunca violento.
E que nunca lesionou gravemente nenhum companheiro de profissão.
Não custa acreditá-lo. Apesar do seu feitio brincalhão, Carlos
Silva não mente. «Havia, no meu tempo no Belenenses, jogadores
massacrados pelos adversários, como era o caso de Matateu. Eu
limitava-me a ir em defesa dos companheiros»…
O seu tempo de Belenenses foi de 1951 a 1961. Como jogador das
primeiras categorias, claro! Seria caso para dizer que o seu
tempo de Belenenses foi a vida toda. O Belenenses já era a paixão
de seu pai, e Carlos Silva chegou às Salésias com apenas 17
anos. Há diferenças entre paixão e mister: o futebol podia ser
a sua paixão, mas o seu ofício era o andebol. De 11, como se
usava então. E Carlos Silva vinha do Benfica, campeão nacional
da modalidade. Dois nomes entram aqui: Augusto Silva e Rodolfo
Faroleiro. Foram eles que o trouxeram para outro desporto de
11 contra 11. Este com a bola jogada com os pés.
Se lhe perguntam qual foi o momento mais extraordinário que
viveu ao longo de toda uma vida dedicada ao futebol, Carlos
Silva responde: «Todos os que vivi aqui, na Selecção Nacional,
e todos os que vivi no Olhanense. Porquê? Pela amizade, pela
fraternidade, pelo ambiente de carinho que me envolveu, por
tudo aquilo que aprendi…» Mas lembra-se também de um triunfo
mágico: «Na final da Taça de Honra da Associação de Futebol
de Lisboa, em 1960. Vencemos o Benfica por 5-0 e eu estava encarregado
de marcar o Germano que era, à época, uma das grandes figuras
do futebol português. Mas as coisas correram-nos tão bem que,
a partir do 2-0 já não prestava atenção ao Germano e queria
era jogar e atacar como os meus companheiros. Ah! E esse Benfica
foi, depois, Campeão Europeu».
Cedo chegou a «capitão» de equipa: algo próprio de uma personalidade
que se impõe.
Era jovem, muito jovem, mas capitaneava grandes nomes do futebol
português como os manos Matateu e Vicente. Por ambos, Carlos
Silva nutre uma amizade imensa. Por ambos, Carlos Silva sente
a admiração devida a grandes jogadores. «Matateu? Dentro da
grande área foi dos melhores jogadores de todos os tempos. Talvez
o maior! Atenção que eu digo ‘dentro da área’… Tinha um instinto
goleador extraordinário, era uma verdadeira força da natureza.
Como jogador de equipa era péssimo. Precisava de ter todos os
companheiros a jogarem para ele. E nós fazíamo-lo com todo o
gosto porque, se assim fosse, ele resolvia os jogos. O Matateu
foi um marcador de golos como nunca vi igual». Fala alguém com
autoridade para o fazer desta forma desassombrada.
Que ninguém se esqueça: Carlos Silva jogou contra muitos dos
maiores génios da História do Futebol. Ele mesmo desfia o rol:
«Pelé, Kopa, Fontaine, Cocsis, Csibor, Gento, Rial, Di Stéfano,
Kubala… e outros de valor idêntico em Portugal, como Travassos,
Eusébio, Vasques, Peyroteo, Jesus Correia…» E quem não sabe
que fique sabendo: Carlos Silva assistiu, dentro de campo, à
estreia de um menino de 16 anos que dava pelo nome de Edson
Arantes do Nascimento. Nelson Rodrigues, grande cronista brasileiro,
dizia: «Por extenso, Pelé!»
Foi no Brasil, numa digressão de uma equipa formada por jogadores
do Belenenses e Vitória de Setúbal que defrontou um combinado
de Santos e Vasco da Gama. Os portugueses foram goleados e o
menino Pelé pintou a manta. Poucos dias depois estreava-se pelo
Brasil num escaldante jogo frente à Argentina. «O Brasil estava
a perder, Pelé saltou do banco e foi ele que marcou o golo do
empate», conclui Carlos Silva.
Entre vitórias e derrotas. Entre momentos felizes e horas tristes.
Carlos Silva não esquece o Campeonato Nacional perdido para
o Benfica a quatro minutos do fim. Corria o ano de 1955. E não
esquece igualmente um Campeonato Nacional de juniores perdido
para o FC Porto dois anos antes. Ele sabe como se ergue um jogador
do desânimo da derrota e se lhe incute a vontade de vencer.
Como vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol para
a área do futebol profissional, Carlos Silva acompanha a Selecção
Nacional-Clube Portugal há cerca de seis anos. «É verdade que
esta equipa, por exemplo, sofreu um duro revés com a derrota
na final do Euro 2004. Mas as derrotas, às vezes, fazem-nos
ter ânimo para ir à procura de outras vitórias. Temos aqui jogadores
muito experientes, habituados a ganhar e a perder e a ganhar
outra vez. E a prova dessa maturidade esteve no apuramento para
o Mundial 2006 que foi feito de uma forma tranquila por um conjunto
de jogadores que souberam transformar essa derrota contra a
Grécia num trampolim para novas conquistas». É bom ouvi-lo.
Há nas suas palavras o optimismo dos jovens de espírito.
Por uma vez foi responsável máximo da Selecção Nacional de sub-21.
«O técnico era o José Augusto, mas por via de uma ausência dele
sentei-me no banco como responsável máximo num Portugal-Itália.
Vencemos por 1-0, algo que, contra a Itália, deve ser motivo
para orgulho. E nessa equipa jogava o Eusébio. Fui, por isso,
seu treinador. Como fui seu mestre no curso de treinadores,
muitos anos mais tarde».
Foi secretário-técnico do Belenenses, responsável pelo nascimento
do Juventude de Belém, a equipa B do Belenenses, presidente
da Assembleia Geral do Sindicato de Treinadores e, através dele,
acedeu à Direcção Técnica Nacional. O passo seguinte foi a vice-presidência
da Federação Portuguesa de Futebol, tendo a seu cargo a área
das Selecções Nacionais.
Quando se lhe pede para falar de treinadores que o marcaram,
não hesita: «Fernando Riera! Sem dúvida! Era um treinador extraordinário.
Todos nós, jogadores, amávamos aquele homem. Por ter sido um
extraordinário jogador, ensinava-nos tecnicamente movimentos
dos quais nunca nos tínhamos lembrado. Tinha uma metodologia
de treino fantástica o que fazia com que as sessões de treino
fossem variadas e divertidas. Além disso era um ser humano de
grande sensibilidade, capaz de criar um ambiente de muita proximidade
entre todos. Nesse aspecto posso compará-lo ao nosso Seleccionador
Nacional, Luiz Felipe Scolari».
Carlos Silva: devíamos ouvi-lo mais vezes. O mundo infinito
de episódios que pairam na sua memória, valem por muitas páginas
de jornais. Um deles, é preciso recordá-lo aqui: foi Carlos
Silva que lançou, em Portugal, há cerca de vinte anos, a ideia
peregrina de que os guarda-redes não deviam poder tocar com
as mãos a bola que lhe fosse atrasada intencionalmente pelos
pés de um companheiro. Provavelmente, houve quem considerasse
a proposta estapafúrdia. O tempo deu-lhe razão. E o tempo fez
dele um homem feliz: «Claro! Estou aqui, vejo a bola saltar,
estou junto dos jogadores e da relva. É disto que eu gosto.
Não sou rato de gabinete…» Ainda bem: a Selecção agradece-lhe.
Com o carinho de sempre.
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"ATÉ
SEMPRE CARLOS SILVA"
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[
artigo publicado no site da
FPF
em 04 de
Fevereiro de 2007 ]
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O Vice-Presidente Desportivo da
FPF, Carlos Silva, faleceu na manhã de domingo, vítima
de doença prolongada, deixando um sentimento de dor e saudade
em todos quantos tiveram o privilégio de o conhecer. Nascido
em Lisboa, a 9 de Abril de 1934, Carlos Silva viveu o Desporto
e, em particular o Futebol, de forma intensa, quer como jogador,
quer como treinador e dirigente.
Além do desporto rei, praticou também
Atletismo, Voleibol e Andebol. Tendo cumprido 17 épocas
como futebolista, dedicou grande parte deste percurso ao seu clube
de sempre, o Belenenses, onde permaneceu durante 12 temporadas.
CUF e Sintrense foram os dois outros emblemas que Carlos Silva
serviu. Concluída a carreira de jogador, seguiram-se 27
anos a dirigir equipas a partir do banco, destacando-se as passagens
pelo Olhanense (onde esteve durante seis épocas), Atlético
(quatro temporadas) e, naturalmente, Belenenses (oito épocas,
incluindo uma no clube satélite, Juventude de Belém,
e duas temporadas como secretário técnico). A CUF,
o Barreirense, o Farense, o Oriental, o Nacional da Madeira e
o Sintrense foram as restantes equipas que Carlos Silva treinou.
Do percurso enquanto dirigente, e além da Vice-Presidência
Desportiva e da Direcção do Departamento de Futebol
e Formação da FPF, Carlos Silva foi Presidente da
Direcção do Sindicato Nacional de Treinadores de
Futebol (seis anos) e da Associação Nacional de
Treinadores de Futebol (cinco anos), onde foi ainda Presidente
do Conselho Fiscal (três anos). Registe-se, também,
o mandato em que exerceu enquanto Vogal do Conselho Técnico
da Associação de Futebol de Lisboa e os dois anos
em que esteve como Director Desportivo do Belenenses.
Entre as múltiplas distinções que recebeu
destaca-se a atribuída pela Presidência da República,
de Comendador da Ordem de Mérito Desportivo, e a Medalha
de Ouro ao Mérito Internacional, por parte da FPF.
É uma notícia muito triste para mim, porque
perdi um amigo, mas também para o futebol português
porque perdeu um dos seus grandes nomes. Na Selecção
Nacional, Carlos Silva era um elemento acarinhado por todos. O
seu carácter, a sua experiência e sabedoria, para
além do seu enorme coração marcaram todos
os jogadores, técnicos e restantes elementos do staff que
tiveram ocasião de privar com ele. A toda a família
e amigos, e em especial à Selecção Nacional
Clube Portugal, envio, em nome da Federação
Portuguesa de Futebol, as mais sentidas condolências.,
afirmou o Presidente da FPF, Gilberto Madaíl.
As bandeiras da Sede da Federação Portuguesa de
Futebol foram colocadas a meia haste e será respeitado
um minuto de silêncio na próxima eliminatória
de Taça de Portugal e na próxima jornada dos Campeonatos
Nacionais. O corpo de Carlos Silva estará na Igreja dos
Jerónimos entre as 19h00 de domingo e as 19h00 de segunda-feira,
dia 5, altura em que saíra para o Cemitério dos
Olivais, onde será cremado pelas 21h00. |
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